Antonio Luiz

Travesseiro amarfanhado e feliz

o sorriso transcrito de flor entreaberta

conduz seus lábios contra a tez rosada

onde se desenham frêmitos aveludados

como ondas na superfície da meiguice

 

sua imagem deleita o espelho do quarto

houvesse um, seria o baluarte da beleza

com grãos de girassol caídos dos poros

a paz, não fosse a razão de inquietudes

 

sua voz é um convite pro não explorado

ciente, o silêncio insone lota seu recinto

pra ter dali os seus quaisquer sussurros

 

e roçado pelos cílios ao cerrar dos olhos

o travesseiro se agiganta e logo se dobra

pois é dele, o gozo mais intenso  e  certo

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 18/06/24 --