Acordo com um emaranhado de ideias na cabeça
Logo vem a vontade de não mais viver
Que é a falta de coragem de morrer
O vento frio parece querer soprar pelas costas
No céu nenhuma nuvem sobrevive
Num dia bom, as ideias se organizam e a vontade passa
Mas quando o tempo fecha, parece não haver saída
A histeria dilacera nossas almas
O perigoso mesmo é ser dragado para um caminho que se torna sem volta
Quem tem a tristeza como inquilina da alma tem que se atentar para se desviar e trilhar caminhos diversos
Fazer poesia é melhor do que não mais viver
Crianças nos lembram de olhar para o alto e ver céus de devaneios
Andar de burrinho no parque forma caráter?
Alguém na vida almeja um dia ser nome de edifício?
Cruzei pelo caminho com o doutor. Seria ele algoz ou salvador?
Paro para pensar que o café frio pode ser apenas uma consequência da indisposição
Como o cigarro aceso, sem trago algum
As árvores têm vocação para tocar o céu
O ranger da rede que balança
A pessoa não se importa
Ela está leve e feliz
Vejo na capa do jornal que o Afeganistão pode ser aqui
Não gosto de jornais, nem de bancadas
Ambos sujam as mãos
E o tal emaranhado de ideias se esvaindo
Peço desculpas, o fio é longo
Melhor dormir e depois recomeçar
A desmedida jornada do viver