Os olhos falam,
quando as vozes esgarçadas
pela balbúrdia da lida se calam.
As vozes se calam, por não conseguirem expressar,
cicatrizes que o sentimento não consegue curar.
Pois a cura que se procura não se acha,
nos liames de uma aventura ou
no efeito portentoso e aprazível da cachaça.
A higidez é doçura que se procura,
a fim de dessalgar a alma esmaecida,
que diante das íngremes montanhas
até parece que está vencida.
Esquálida e prostrada em solo ignóbil, ela,
a alma, prossegue juntando forças por esmola,
e cada átimo de esperança que robustece o coração,
de novo a consola.
E se acossados pelos perigos que assolam, então
montamos em nossos titãs
e do alto descortinamos nossa pequenez,
é que a existência nos quer impávidos,
abocanhando cada naco com franca avidez.
Conquanto na vida, coagidos que somos a combater
numa pugna insana que une a todos nós,
não obstante, cada guerreiro marcha solitário
por essa senda insólita e atroz.
Segue, prossegue o ser até que desassossegue
o próprio sossegar,
pois bicho humano que é,
intui no seu claudicante caminhar,
ser réu condenado em Gaia,
só o óbito, o poderá libertar.