Nas palavras cheias de dor e rancor
Vejo um desabafo de desamor
Onde a crueldade se faz presente
Na descrição de um ser inexistente
Odeias seu jeito de ser e existir
Numa análise difícil de resistir
Ressaltar a fraqueza que carrega
Na cruel expressão que arregaça
Idiota, estúpida, sempre a decepcionar
Não consegue, sempre a falhar
Tenta ajudar, mas quebra ao final
E se vê sozinha, num triste vendaval
Suas mentiras, seu fingimento no ar
Máscara que teima em se desvendar
Mas há nesse poço de tentativa
Uma sombra de esperança retida
É difícil te suportar, conviver contigo
No magoar, uma tentativa de abrigo
Mas descubro, para minha própria dor
Que odiar a si mesmo é um erro de rigor
No turbilhão de desgosto e infortúnio
Talvez vislumbrar um lampejo de união
Quebrar as correntes do ódio profundo
E descobrir no amor a verdadeira redenção
Ademais, nesse poema onde repousa a mágoa
Percebo a complexidade da alma que se desagua
Em versos que desafiam a própria razão
Por trás do ódio, quem sabe, uma nova canção.