saudade é avezinha que voa e se aquieta
e nos capões do peito faz o seu ninho
é o galho da imburana velha e discreta
que, em silêncio, embala esse bichinho
página marcada no córrego manso
caderno da vida de folhas molhadas
mato que se curvou ao nosso avanço
sagrado retrato de nossas pegadas
saudade é argila no areal da memória
moldada com cheiro da criança d\'outrora
posta pra secar no umbral da janela
passeio pela noite no alazão-estrela
brilho na menina dos olhos da aurora
no toró do sertão da gente, a calmaria
-- esse soneto foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 13/06/24 --