joaquim cesario de mello

QUANDO FOR PARA O INFINITO

 

Quando for para o infinito

vou então deixar esta vida de lado

meus poemas não terminados

as cartas de amor dos tempos de enamorado

a lista de compras do supermercado

e todos os boletos previamente quitados

 

Quando for seguir em frente

para onde não existe mais em frente

vou me ausentar das horas do jantar

não ter mais com o que me preocupar

nem escolher a roupa para ir trabalhar

deixar de levar o cachorro para passear

e no refrigerador uma cerveja Stella Artois

 

Quando me ofuscar no perpétuo

perderei meus poucos retratos

jamais haverei de ser beato

esquecerei na gaveta os certificados

daqueles cursos por mim cursados

minhas certidões de nascimento e de casado

e na agenda o horário com o médico marcado

 

Quando meu sumiço fizer parte do infinito

quem irá então ficar com minhas meias

e este meu punhado de sonhos desabrigados?