Nathália A.

Dezoito Vidas

 

Na minha visão, a vida é uma série de renascimentos. Nascemos e morremos várias vezes, seja nos momentos de caos ou nas risadas que escapam sem controle. É uma reflexão estranha, mas real, pensar que em uma fração de segundos, seja por destino ou por vontade divina, respirei pela primeira vez. Uma luz invadiu meus olhos, um coração pulsou com força e uma alma chorou, confusa com o novo mundo. Uma mulher incrível se tornou minha mãe e um homem, que mal conheci, foi chamado de pai.

Cresci, e com cada ano, notei mais do mundo lá fora, o mundo dentro de casa e o mundo que criei dentro de mim. Minha infância foi marcada por mortes simbólicas: a separação dos meus pais, a mudança de cidade, a presença de um homem que exigia respeito, mas inspirava medo. No entanto, renasci ao conhecer uma menina linda que se tornou minha melhor amiga. Com ela, as risadas até doer a barriga, as idas na casa dela e a sensação boa de perder o horário pra voltar pra casa, nossas piadas internas, tudo isso me fizeram sentir viva novamente. Nesse período de tempo morri algumas vezes dentro de casa, mas a cada passo para fora daquele portão me senti viva.

Durante a adolescência, morri e renasci inúmeras vezes. A ansiedade me fez desejar o fim, mas a superação do caos que foi a pandemia me fez jurar viver até o último suspiro. No ensino médio, vivi intensamente. Encontrei amigos que me fizeram feliz, apesar do curto período de tempo que passamos juntos. Ainda me lembro do dia em que fomos ao cinema, o filme não era bom, mas um dos meus amigos ficando trancado do lado fora da sessão, batendo na porta pra poder entrar enquanto o filme passava, foi hilário, queria viver eternamente aquele dia, depois de chegar em casa desejei passar vários momentos assim com eles, mas tudo teve o seu devido fim, e hoje carrego uma saudade genuína no peito. Um deles se tornou a minha primeira paixão que me fez vibrar, e a dor do primeiro coração partido me fezando morrer um pouco por dentro.

Porém, agora, novas pessoas trazem vida aos meus dias, as importantes são minhas melhores amigas. O mundo lá fora é assustador, mas elas o tornam mais colorido, mais leve, é tão fácil amar elas. E recentemente, alguém especial surgiu, fazendo-me querer que cada segundo passe devagar quando estou em sua presença. Dá até um frio na barriga só pensar no que todo esse despertar de sentimentos podem acarretar. Em casa, a tranquilidade reina. Minha mãe é meu porto seguro, e meu irmão, gera um entretenimento diário. O homem que antes me causava medo, agora é parte de uma convivência pacífica.

Ando com a cabeça nas nuvens, vivo momentos bons que parecem pequenos, mas são significativos. \"Adulta\" agora, sinto-me atrasada em alguns aspectos, mas crescer é assim – bom e assustador. No fim, tudo que começa, termina. Cada nascimento leva a uma morte. Mas no presente, escolho não lembrar das mortes passadas e viver sem pensar no fim. Não me arrependo dos meus dezoito anos vividos; cada um deles foi uma vida em si.

 

N.