AQUARELA DE UMA FOTO
Não me canso de olhar o teu retrato,
Nesta aquarela pintada no papel!
Ver teu sorriso dizer ao menestrel,
Que tanto amor nada tem de abstrato!
Queria tirar de tu! alma este véu
Que a encobre... Ser mais intimorato,
Romper a lei... Pecar por desacato,
E, tornar-me deste amor eterno réu!
Sei que dirás: Como é tonto este vate,
Pois que um amor assim é disparate,
É irracional, é demência pura!
Talvez, pois ao te ver naquele quadro,
Prenhe de loucura, nele me enquadro
E, me vejo a teu lado na pintura!
Nelson de Medeiros