DAN GUSTAVO

ODE ÀS PORTEIRAS

Abram-se as porteiras por esses caminhos...
Caminhos de trancos, barrancos, troncos,
roncos(de motores), pedras(pretas) e espinhos!
Porteiras que dão para as suas propriedades
Que afastam o sertão das cidades
E que dão acesso a uma \'utopia particular\'!
Porteiras desse mundo velho...
Que se fecham e protegem da \'contaminação\' do novo!
Preservam esse ar puro
E cercam esses campos do Evangelho!
Por onde passa um rebanho, boi, boiada, pousa a passarada
E passa um lavrador com seu gadanho!
Ao sol e fincadas sobre um solo batido e o mesmo sob esse asfalto percorrido!
Abram-se para esse viajante passar...
Ouvir modas, causos, viver aventuras e levar histórias quando voltar!
Abram-se para a lavadeira que segue pro rio, e para esse que deixa o sertão em direção ao mar!
Abram-se \'pros minino\' que deixam esse rincão, seu ninho, pra se perderem na \'capitá\'!
E se mantenham abertas pra esses \'fios\' pródigos poder \'vortá\'!
À beira da estrada, no meio do caminho, lá longe afastada...
Porteiras, pórticos, pontilhão, pau-a-pique, ribanceiras...
Mesmo chão, estância, \'limítrofe\', madeira!
Abram-se para aquela charrete, os tantos cavalos desse motor, uma mobilete...
Para o Anjo da Guarda, uma draga, um trator...
Porteiras que se mantêm intactas e conservadas como uma memória afetiva...
Feitas de velhas lembranças, de minhas raízes, e que sejam abertas ou fechadas levadas em \'meu interior\'!