Carlos Lucena

ELE ELA E EU

ELE ELA E EU

Eu não creio no Deus da moda
Nem na oração  das altas rodas
Eu não creio no julgo eterno
Nem na pureza das flores do céu 
Eu não creio nos horrores do inferno
Nem tampouco naquelas cabeças cobertas por um véu.
Eu não creio nas mutilações divinas
Que são a paga pelos humanos prejuízos
Ajuizadas nas santas oficinas
Pelos santos e doutos magistrados
E seus juízos.
Eu não creio na alusão condenatória do pecado
Porque quem julga já o faz sem sentimento
E não só mata o indefeso condenado
Como lhe bota a alma num eterno julgamento.
O Deus em que eu creio
Não vicia na fé 
E assim,  não  carrego no seio
Aquilo que a fé não é.