Eis que paz procuramos em ermos da vida insegura
Em liberdade pensamos, diz-se libertos da escravatura
Porém onde há liberdade se em ditadura sofrer?
Pelo caminho, deixados em parte, para não mais viver
Emo-nos de gritar, e como quem chora com olhos cansados
Devemos nos calar, se pela censura somos calados
Torturas, omissões, roubos, miserias
Enquanto imagens falsas de romance, postos como materias
Seriamos livres se não fossemos submetidos a tal cálice
Clamariamos por salvação, como poderia-mos se há o cale-se?
Cale-se todos e obedeçam, ditadores dizem
Nossos ouvidos ouvem: cálice amargo até que todos pereçam.