I - Visões em si
Não é sobre mim
sobre nós
ou você
o tempo
a voz
sobre nada
sobre tudo
sobre algo
ou coisa alguma
Não é sobre o passado
o presente
o futuro
obscuro
ou desagravo
Não é sobre a dor
o amor
as palavras
difíceis
ou vazias
de entendimento
Não é sobre a miséria
sobre a maleza
sobre fome
ou outras
injustiças
Não é sobre a noite
sobre o açoite
sobre o amanhã
ou o infinito
espairecer
Não é sobre a certeza
Sobre a semente
sobre o agora
ou o que possa
acontecer.
A vida toda
a noite inteira
alvorecer
II - Passado que limita
\"_ Acácio sentou-se a mesa,
algo ao qual não era convivo,
ao seu lado alguns tantos esquecidos
perdidos entre a vida e a sorte
...\"
Miseráveis que sem lugar,
nem o tempo,
nem a vontade,
ou verdade,
ou boa comiseração
ocupam os pátios,
passeios, calçadas e ruas,
barracos e viadutos,
e a ilusão
e iluminam inertes
a ignorância,
e insensibilidade,
e a culpa comum,
hoje,
ontem,
e sempre,
passado
e presente,
e nenhum
futuro
III - Ódio às coisas belas
Aprendemos que não deve-se odiar,
que não se pode ignorar a dor,
e ocultar-se o horror,
não esqueça a miséria humana,
nem a violência que os incendeia,
seja direto,
vil,
cético,
e quando tanto ardil
puxar a tona a morte,
A razão fez o norte
o objeto indiscreto,
secretam os sentidos,
as coisa belas,
as notas falsas,
imundas,
e todas as sortes
de idéias vazias e inúteis .
Secretam os velhos.
em frio o altar .
IV- Postulantes ao amor
Runas esquecidas,
afoitos e exatos
sentimentos,
desvios e intereses dubios
consomem o desejo,
e prazeres.
Em volta em sonhos,
a imuta acorda,
trança as horas
e assim continua
são oriundos,
crianças ocultas
observam
as agruras do amor,
e defeitos,
e artimanhas,
e afagos
Postulantes
elegíveis
proféticos
Cada vida
forja um caminho,
um deserto
e suas dores
V - Para além
Viver é verbo
lira atrofiada
sem nexo
Olhe para suas mãos
e perceba
as marcas sumiram
os poros ocultos
a fardas inexoraveis
Ao que se tem saber,
e longe o prazer lívido
para sempre
para além.
Um amor no porão
2022