Ruan Vieira

Não se foge do tempo

 

Eu não tinha esse rosto

Nem esse sorriso enferrujado

Muito menos transmitia esse desgosto

Eu nunca estive tão cansado

 

Nada mais me agrada

Nem me tira da fria solidão

A minha existência está cada vez mais acabada

E o meu céu agora é o chão

 

Já não penso mais em voar

Já não tenho pra onde ir

Afogado, eu morro, sem saber nadar

Desesperado fico sem conseguir emergir

 

Problemas atrás de problemas

Contas pra pagar, caminhos pra trilhar

Eu me perco nesse dilema

Para onde devo andar?

 

O futuro vem, não tem pra onde correr

Não se foge do tempo nem do envelhecimento

Não se foge da responsabilidade ao se crescer

E todo cuidado é pouco pra não morrer em pensamento.