Charles Araújo

ALÉM DO TANGÍVEL

No canteiro de obras, sou eu, o mestre habilidoso, moldando o mármore e o granito em obras de arte e erguendo estruturas sólidas com destreza e maestria. Nas minhas mãos, as ferramentas, sejam elas rudimentares ou tecnológicas, se transformam em extensões da minha própria vontade. Desde criança, sob as boas orientações de meu pai, sempre procurei fazer o meu melhor, seja executando ou decifrando projetos que para muitos são incompreensíveis.

 

Além do concreto e das alvenarias, há algo dentro de mim que arde, um desejo por algo além do tangível. Entre os sons das máquinas e o calor escaldante do sol, eu me perco nos meus pensamentos, explorando os segredos mais íntimos do meu subconsciente. Equações quânticas ecoam na minha mente enquanto me aventuro por reinos desconhecidos, guiado por uma força que não consigo descrever e pelos ventos que acariciam meu rosto.

 

Esta é uma jornada solitária. Às vezes, mergulho nas profundezas do meu ser em busca de respostas para perguntas que nem sempre sei formular. Durante os breves intervalos de descanso, sento-me à sombra de uma árvore, contemplando o céu e refletindo sobre os mistérios do universo. Esses momentos de introspecção revelam os pilares invisíveis que sustentam não apenas as estruturas que ergo, mas também minha própria existência.

 

Cada desafio enfrentado no canteiro de obras é também uma oportunidade de crescimento pessoal. Quando uma parede não se alinha perfeitamente, vejo não apenas um problema a ser resolvido, mas uma lição sobre paciência e precisão. As interações com meus colegas de trabalho me ensinam sobre empatia e comunicação, ampliando minha compreensão das relações humanas.

 

Assim, enquanto construo edificações monumentais, também construo minha própria jornada interior. Navego entre a arte prática e o anseio pelo abstrato, encontrando equilíbrio entre o mundo físico e o mundo dos sonhos. Esta é a minha busca por significado, moldando minha jornada pessoal além das construções tangíveis dos mortais