Pelo quadro que emoldura a parede, vejo a luz do infinito.
Lá passam carros, transitam pessoas apressadas
O excesso de futuro corrói minhas mãos
Uma mulher confere seu aparelho sem qualquer surpresa
Vigas centenárias sustentam a casa
Na praça, nada de novo senão o alto prédio que se ergueu sobre o nome da própria praça.
Tomo um gole de café
Transportes coletivos seguem conduzindo gentes diversas
O senhor abre sua banca, mas vende meias, pois ninguém mais lê jornais
Tudo isso eu vejo do quadro que emoldura a parede
Tudo real lá fora, como real aqui dentro
Pago a conta e alcanço a rua pela porta
Lá fora, a vida segue sem esperança.