E a angústia toma conta de mim,
Nos percalços de todas as horas corridas,
E no latente pulsar do coração sofrido,
Olhando o relógio milésimo a milésimo,
Sobressaindo pelo vago silêncio, percebo que, diante do retrovisor,
Vejo tudo de forma reversa em segundos,
Tentando adiantar o pôr-do-sol, com a força da tentação,
E sabendo que toda aquela muralha construída,
Foi erguida por minhas próprias mãos sedentas de furor.
E assim sendo, no passar do tempo,
Causando tormento em meus próprios lamentos,
Vivo sedento pela partida do vento,
Onde, ao meu relento, suspiros tensos
De que não haverá nenhum momento
Em que meu coração, partindo-se lentamente,
Traga de volta a dona dos meus sentimentos,
Aquela que consegue trazer alívio aqui por dentro.
E, ao luar se deslocando em minha direção,
Sinto como se tivesse perdido no dia que se esvai,
E não encontrando outra solução impune e solene,
Tento aceitar todas as alternativas de dores profundas,
Como se um fio de uma navalha, passando lentamente,
Conseguisse atravessar todas as fortalezas do meu ser,
Causando assim, uma certa e densa amortização
De como é querer alguém que não possa estar em nossa presença,
E seguindo assim, como um andarilho que vaga noturnamente
Em busca de uma estrela que, com todo aquele brilho,
Consegue atingir a pureza em outros olhares.
Vou aguardar o nascer do sol,
Vai que, com esse grande brilho intenso,
Traga de volta as novas oportunidades de chorar novamente
Ou de sorrir pela noite que passou,
Sentindo ainda o corte profundo, causado por mim mesmo,
E também não sabendo como estancar essa força contida
Em meu sofrido peito.
15 maio 2024 (19:02)