Melancolia...

O Dia em que o Mundo Parou. (Aos Irmãos Pampas).

Águas correntes caem no chão.

Comportas não suportaram a pressão.

Barulhos de prédios caindo.

A chuva não cessa e torna-se constante e forte.

O que antes, para as crianças, era motivo de risos,

Hoje se torna sérios fatos de mortes.

Casas não suportam as fortes correntezas.

Gritos e gemidos ecoam pelas ruas.

Telhados servem como quartos de petições.

Barreiras soterram vidas.

Animais pedem ajuda àqueles que já precisam de ajuda.

As mãos que oram são as mesmas que salvam.

Pedidos de S.O.S vêm de todos os lados.

O borbulhar dos últimos suspiros.

Alguns com os pés molhados.

Outros com os fios de cabelo desaparecendo.

Choros, lágrimas, despedidas, lamentos.

Cachorros nadam e choram.

Últimas imagens sendo gravadas.

Áudios de despedida sendo enviados.

Baterias de celulares marcando 1%.

E o carregador da esperança em forte sintonia com a vida.

Perdas materiais imensas.

Vidas se perdendo nas águas.

Um pequeno dilúvio sobrevoando as cidades.

Helicópteros se arrastando nas bordas.

Um desastre humano por todo o estado.

Lama cobrindo ruas, prédios e casas.

Pontes sendo levadas com toda força.

Desespero entrando em cena.

Hospitais precisando de ajuda.

Cemitérios vomitando cadáveres.

Seres salvando outros seres e perdendo o próprio ser.

Lamentos substituídos por orações.

Vidas se perdendo por míseros centímetros das mãos salvadoras.

Alguns se alegrando pela vida salva.

Outros lamentando a perda da família.

Alguns chorando por não terem salvo vidas.

Outros nem se lembrando de como era a vida.

Lanchas, canoas, jet-ski livram muitos das covas.

Telhados de oração sendo renovados pelas últimas palavras.

A despedida aos nossos queridos da jovem (velha) guarda.

Os abraços inundados pela força do amor familiar.

Bebês boiando sendo confundidos por bonecos.

Sonhos indo água abaixo e barragens abaixo também.

Árvores servindo de abrigo para os que se seguram.

Muralhas sendo arrebentadas.

Guarda-chuvas sem necessidade de uso.

Águas não têm mais para onde correr e nem morrer, apenas matam.

Casas viradas de cabeça para baixo.

Registros finais de famílias sendo consumados.

Castigo? Dilúvio? Princípio das dores?

Não tenho como explicar.

Independentemente, devemos agradecer a Deus.

E que venham dias de sol.

7 maio 2024 (11:07)