E tu vagante a navegar sem destino
Donde andas com seu olhar cintilante
Se tudo inda passa como antes
Passando o passado agora distante
Teu sopro que inda chora
Da Sória o adeus cantante
O porto de quem aporta
E o bater à porta amante
O vento suado que escorre
Na vela branca encardida
Faz força que sopra a partida
Levando o choro do adeus
Ao vê-la ao longe da ida
o canto da dor espremida
Segue dourado o doce rio
Rumo a foz com sua voz calada
Cansado amado e cheio de vazio
Abraçando o ausente amargo do frio
E a costa que se vira pra te ver
Despida contempla o ficar
Da rosa que não seguiu o viajante
Abraça a solidão e o doer
Da régua e seu peso
Que se dobra
inda indo
sinuosa
vagante
em Douro caminho.
Roberio Motta
Em menção a Portugal (Região do Douro, Peso da régua até Serra da Estrela).
Foto: por Roberio Motta: Quinta do Crastro, 21 Dez, 2018.