Senhor confessor...
Sabeis tudo — tudo...
Nada de ti escondo...
O luar tombou e fez-me pássaro cativo...
Pela noite estou preso...
Sonho sem ver...
Os sonhos que tenho...
Visto-me como as estrelas para banhar-me no luar...
Ouço dizer que lá longe o amor está...
Apressado sigo enquanto nas pedras tropeço...
Tudo é possível...
Só eu impossível...
Não...
Não posso deixar de sonhar...
Todas as horas que nos perdemos...
Um dia por vez...
Vão escurecendo nosso olhar...
Tivesse eu um amor, nesta noite de lua...
Sem dúvidas e sem máculas...
Para sempre um ao outro ter...
Ah, todo eu anseio...
Não renego meu desejo...
Mesmo que assim me faça sofrer...
Mas...
Diante minha sombra esquecida...
Parada assim na rua...
A madrugada não me importa...
As horas vagam...
O tempo nada fala...
A eternidade está morta...
Neste silêncio que habito...
Há mais verdade...
Então...
Continuarei a sonhar...
É meu sortilégio...
Esse é o meu castigo...
A noite é triste e tão sozinha...
Parece minha
toda a cidade...
Noites sempre iguais...
E as pedras por quais caminho...
Sussurram...
Apenas mais uma sombra...
Nada mais...
Sandro Paschoal Nogueira?