UM ETERNO BON VIVANT
Assim, hoje me vejo como uma mistura
De eterno perigo e inocência a brilhar.
Livro de doces palavras,
Barril de pólvora pronto para explodir.
Sou o fósforo de ignição,
Esperando para incendiar.
Em algum momento,
sei que serei alternativa de saudade,
Ou madeira crepitando nas chamas das ilusões.
Mas tudo isso é irrelevante.
No dia a dia, a saudade se transforma,
As Vontades se dissipam.
E quanto à verdade?
Com resignação, me demito do tédio
Lavo-me na essência da felicidade
E, de bom grado,
Me faço um emissário de indulgências.
Hoje, ao recordar-me de certas paixões,
Tenho certeza:
Se elas soubessem como sou intenso,
Chamariam me com brados fortes,
E correriam para os meus braços.
Mas se, nesta vida, novamente
Nossos caminhos se cruzarem,
Já não mais posso dizer ser fiel
Pois hoje sou um eterno bon vivant,
Seresteiro das noites,
Amante assíduo da Bohemia.
C.Araujo