Pedro Trajano de Araujo

O Eco do Erro

Um deslize, uma distração

Após a missa, a comunhão

Sábado à noite, a esposa em casa nos aguardava

Minha filha ao lado, em doce conversa, eu escutava

Chuviscos rabiscavam o vidro do veículo

Era noite, a lua se escondia em seu véu

Eu pensava estar atento à direção, mas falhei.

 

Chegando na Estrada do Mineiro

Eu deveria frear, olhar primeiro

Certificar-me de que a via estava livre

Para fazer a manobra, sem que nada inibisse

Mas só olhei em uma direção

Após dois carros passarem em questão

Acreditei ser minha vez de ir

Acelerei, sem temor de prosseguir

Então o som estridente da buzina ressoou

O grito de minha filha ecoou

Eu havia escolhido o momento errado

Meu Deus! Devo ter clamado.

 

Confesso que meu coração se assombrou, inquiriu

Por fim, um motoqueiro passou espremido

Entre nosso carro e a guia, sem ser impedido

O condutor gesticulava com uma das mãos

Parecia proferir obscuros despropérios

Eu e minha filha, nossos olhares se entrelaçaram

Um suspiro de alívio, uma gratidão emudecida

Por nada ter ocorrido, pela intervenção divina

Àquele desconhecido irmão

Seguimos para casa, para a nossa rotina.

 

_________Pedro Trajano