Thiago de Melo

Outono

Vento de outono, o que me traz hoje? todas as folhas caidas não varridas, como não varrido estão meus medos, sim; meus medos que tanto me paralisam.

 Prudência, eu grito por prudência; não tive, não conheci, não vivi. 

 Já chorei por amor, já fui adolescente; já feri meus próprios pés.

 Conheci gente, conheci anjo, anjo que não ouvi; e por que não ouvi? 

 Outono outono, sempre vem e nunca mais volta, outono passado tão poético.

 Minha estação, meu lugar, minha poesia; vento frio com poeira de onde não sei; limpo os meus olhos esta noite. 
 
 Um casaco que seca, outono chuvoso e rua deserta; lúcido lembro, triste entendo minha tal loucura de querer apalpar o outono que foi.

 Dias passaram e meu ontem ainda vive; tropeço pensando na neblina que se perpetua.