Marçal de Oliveira Huoya

Arrebentação

Então

Aquela chuva miúda

Dessas chuvinhas contínuas

Que esfriam o coração

Uma melancolia turva

Mal se vê o que

Uma cerração

Combinando com o tempo

E o seu pesar

Seu arrependimento

Seus olhos subitamente

Enchiam como poças d’água

Em cálices de lembranças

Para secar rapidamente

Ao se obrigar interromper

A nascente das mágoas

Fonte do seu chover

No entanto

As águas retornavam constantemente

Como ondas na contenção

Ressaca consciente

Soluços na arrebentação

Mas disso ninguém sabia

Dormir, acordar, viver

As coisas do dia a dia

Lá fora,

Agora pareciam obrigação...