ÚLTIMA CARTA
Tu és destinatária desta carta:
Desnecessário rabiscar teu nome
E dizer de toda a dor que consome
O trovador que do sonho se aparta!
Despedida? Renúncia? Não me importa
A aparência que a realidade tome;
Tua falta será um cognome,
Pois saudade acepção não comporta!
Digo assim, sem receio: - Até breve,
Pois na roda do tempo, em algum lugar
Inda verei os lindos olhos teus;
Tanto porque sei, com certeza invulgar,
Que em dois credos a vida circunscreve:
Não existe morte, não existe adeus!
Nelson De Medeiros