A morte sempre me seduziu
Com sua capa preta como a noite e olhos frios
A foice brilhando no luar
Mas só de pensar em meu corpo gelado a sete palmos
No espasmo depois do último suspiro
No grito do enforcado ecoando na sala
Tenho calafrios
Entro em pânico só de pensar nela
Se estou na rua
Penso comigo que um carro vai me atropelar
Independente se estou na calçada
Sempre que alguém próximo morre
Acendo uma vela por sua alma
Mas acho que deveria acender pela minha também
O medo estilhaçou tanto minha pobre alma torturada
Que não creio mais ser portador da vida que outrora possuí
Pois quem pensa na morte todo tempo
Esquece do ofício vital
Tenho medo do escuro
Sempre tive
As pessoas dizem que é um medo bobo
Que a escuridão é inevitável
Que uma hora ela vai me achar
Mas eu não quero
Carrego uma lanterna comigo
Evito sair de noite
Durmo com a lâmpada acesa
Faço de tudo
Mas eu sei
No fundo eu sei
Que a luz vai me deixar