Charlie

Prometeu

Todos os dias, meu fígado é comido por uma águia faminta.
Sua fome nunca acaba.
Meu fígado é removido do meu corpo.
Meu corpo quente e protetor.
E a águia nem reage à dor sem fim
Nem às lágrimas sem fim
Muito menos aos gritos sem fim.
 
Ela nem percebe o quanto está me machucando.
Mas todos os dias o fígado insiste em crescer novamente.
Todos os dias, posso ouvi-lo pensando.
“Talvez hoje seja o dia”.
“Talvez hoje eu não seja separado deste corpo”
\"Talvez hoje\"
E não posso dizer o contrário
Porque eu preciso sobreviver,
Eu preciso sobreviver
Para o dia em que finalmente estarei livre
 
Para o dia em que a águia parar de comer meu fígado
Quem sabe finalmente comer outras coisas.
Talvez algumas frutas doces ou mesmo alguns pequenos animais.
Mas, por enquanto, só posso ter esperança.
Porque só a esperança me fará viver.