Celso Fukuhara

Estrada de AndirĂ¡

ESTRADA DE ANDIRÁ

 

Havia uma árvore na beira da estrada

Grande, majestosa

A estrada era longa, de terra vermelha, poeirenta

Que na chuva virava um pesadelo de pai, de mãe

 

A paisagem ao longo da estrada era longa, de quilômetros de plantações de café a perder de vista

A jardineira ia tocando a buzina a cada parada que fazia

O café se foi, depois ao longo do tempo vieram o algodão, o trigo, e por fim, a cana de açúcar

 

O ciclo se repete ao longo dos anos

 

Hoje retorno à estrada, e vejo que já não é mais tão vermelha

A terra foi substituída pelo asfalto,

As quase duas horas que levava para percorrê-la de jardineira, hoje a devoro em apenas quarenta minutos.

 

A modernidade chega à velha estrada

E a velha árvore ainda continua na beira da estrada, maior, imponente, intocável, linda como antigamente

Como se estivesse à espera que um dia eu voltasse com meus cabelos brancos para revê-la, para abraçá-la.

Sim, eu voltei.

Aqui estou eu novamente e cheio de saudades.

 

E junto com a imagem da árvore, me vem à memória uma rica vida rural que não existe mais, Senão em meus sonhos

E as pessoas que povoam esses sonhos não estão mais lá.

 

Celso Fukuhara

Novembro-2007