Vou desligar a noite
e acender a luz da manhã
no escutar do vozear dos pardais
no imo dos tímpanos dos meus ouvidos
No cochilar residual da cidade
o silêncio ainda exala resíduos noturnos
logo varridos pelo caminhão do lixo
que atrasado chega para o serviço
enquanto espanto os monstros de volta
ao interior dos armários de onde
vou retirar minha melhor roupagem
e me encobrir de azul claro amarelado
como se eu fosse a aurora do dia
Aos poucos que nem uma aranha
o nascer da alvorada vai tecendo sua teia
no entrançar dos fios madrugados
para capturar os futuros acordados
na trama dos dramas nossos de cada dia
Quem sou para avisar os até agora dormentes
que a noite já se foi carregando consigo os sonhos
e que o Sol nos espera no abrasar suarento
neste verão estufado e calorento à beira-mar
deste imenso Oceano Atlântico nordestino?
No espreguiçar das pálpebras
sou eu quem acendo o dia