Lunix.L

Apocalipse

Sob o céu cinzento, as ruas vazias ecoam,
Onde outrora a melodia da vida dançava sem fim.
Agora, apenas o silêncio pesado, como um domo,
Cobre a terra, onde o apocalipse traça seu carmim.

 

Nas esquinas, os prédios, como ossos, se erguem,
Testemunhas mudas do que foi e já não é mais.
Cada janela, um olhar que se fecha e se nega,
Cada porta, um adeus, na construção dos finais.

 

Chico Buarque, em sua canção, falou de um homem,
Que subia e caía, num ciclo sem redenção.
Aqui, neste fim, somos todos esse alguém,
Construindo em ruínas, nossa última canção.

 

Onde estará o amanhã, nesse mar de escombros?
Será que ainda há esperança, em algum lugar?
Ou será que o destino, com seus dedos sombrios,
Já escreveu o final, sem chance de reparar?

 

Mas ainda assim, na melancolia desse crepúsculo,
Uma flor ousa brotar, entre o concreto e a dor.
Talvez seja o sussurro, de que apesar do obstáculo,
A vida persiste, resiliente, um eterno construtor.

 

By Lunix.L