Engraçado como nos perdemos com o tempo
De vez em quando encontro traços de mim mesma
Uma carta que uma outra versão minha escreveu
Um papel velho que guardei
Uma roupa que já não serve mais
Um objeto que tinha algum significado que já não é mais lembrado
Fala-se tanto em saudade
Mas não se fala em saudade narcisista
Saudade de quem foi
De quem era
De quem poderia ser
Se eu pudesse voltar no tempo
Voltaria momentos antes da minha outra versão morrer
Eu abraçaria ela, perdoaria ela e protegeria ela
Da forma que ela nunca foi protegida
Eu amaria ela da forma que ela jamais se amou
Cuidaria dela da forma que ela jamais se cuidou
E parte de mim gostaria que essa versão me perdoasse
Me amasse, me aceitasse
E talvez de algum jeito isso consertaria os anos que nos separam
Os erros que nos moldaram e os arrependimentos que nos castigaram
E eu sei que não vale a pena e nao tem sentindo
Ficar preso no passado, ansiando pelo impossível
Mas existe algo mais triste do que não reconhecer a si mesmo?