PB Almeida

Se Eu Fosse Eu

Engraçado como nos perdemos com o tempo

De vez em quando encontro traços de mim mesma

Uma carta que uma outra versão minha escreveu

Um papel velho que guardei

Uma roupa que já não serve mais

Um objeto que tinha algum significado que já não é mais lembrado

 

Fala-se tanto em saudade

Mas não se fala em saudade narcisista

Saudade de quem foi

De quem era 

De quem poderia ser

 

Se eu pudesse voltar no tempo

Voltaria momentos antes da minha outra versão morrer

Eu abraçaria ela, perdoaria ela e protegeria ela

Da forma que ela nunca foi protegida

Eu amaria ela da forma que ela jamais se amou

Cuidaria dela da forma que ela jamais se cuidou

 

E parte de mim gostaria que essa versão me perdoasse

Me amasse, me aceitasse

E talvez de algum jeito isso consertaria os anos que nos separam

Os erros que nos moldaram e os arrependimentos que nos castigaram

E eu sei que não vale a pena e nao tem sentindo

Ficar preso no passado, ansiando pelo impossível

Mas existe algo mais triste do que não reconhecer a si mesmo?