Trespassa-me inteiramente a amargura
Nesta tarde pachorrenta e sem cor...
A paisagem gris esmalta de dor
A anarquia onde o mundo figura!
E a minha lira que exalava o amor,
Que exaltava a ternura, agora augura
O fim dos tempos, a triste moldura
Do quadro egoísta do desamor!
Por isso me quedo assim pensativo,
Rogando ao Céu retorno ao mundo antigo,
Em lágrimas e promessas sem fim!
Elas chegam d! Alma, bem lá do fundo,
Vêm da luz do escaninho mais profundo,
Trazendo um lume de esperança em mim!
Nelson de Medeiros