RAPOSA E AS UVAS
(C.Araujo)
Entre um bailar e outro, dançamos
na contemplação do tempo
no animado baile de máscaras,
onde mentiras são as verdades que contamos.
Entre um compasso e outro, ressoa destoante
o tic-tac do relógio quebrado,
que se omite a marcar o tempo.
E no tilintar das taças, embriagamo-nos
no doce vinho do anfitrião Dionísio.
Em alucinados passos dançamos desvairados,
como sátiros a cortejar as frenéticas mênades.
Loucos julgando loucos,
onde os normais estão dormindo
e o tempo passado, o dia raiado
são alívio para os corações
embriagados de ilusões passageiras.
Na furtividade da rápida lucidez,
a dor traz a razão,
assim se desfazem as emoções.
Depois da efêmera alegria
vem o refluxo das consequências.
E a imagem dos rostos sem máscaras,
a real aparência.
(Esse poema foi inspirado na música :
“A RAPOSA E AS UVAS
Canção de Reginaldo Rossi)