Charles Araújo

RAPOSA E AS UVAS 

RAPOSA E AS UVAS 

 

(C.Araujo)

 

Entre um bailar e outro, dançamos 

na contemplação do tempo 

no animado baile de máscaras, 

onde mentiras são as verdades que contamos. 

 

Entre um compasso e outro, ressoa destoante 

o tic-tac do relógio quebrado, 

que se omite a marcar o tempo. 

E no tilintar das taças, embriagamo-nos 

no doce vinho do anfitrião Dionísio. 

 

Em alucinados passos dançamos desvairados, 

como sátiros a cortejar as frenéticas mênades. 

Loucos julgando loucos, 

onde os normais estão dormindo 

e o tempo passado, o dia raiado 

são alívio para os corações 

embriagados de ilusões passageiras. 

 

Na furtividade da rápida lucidez, 

a dor traz a razão, 

assim se desfazem as emoções. 

Depois da efêmera alegria 

vem o refluxo das consequências. 

E a imagem dos rostos sem máscaras, 

a real aparência.

 

(Esse poema foi inspirado na música :

“A RAPOSA E AS UVAS

Canção de Reginaldo Rossi)