Trago na memória lembranças
de coisas que não existem mais
Aquele dia que já morreu no calendário
o instante passageiro que o ônibus levou
a criança que viveu fora dos retratos
os minutos que os relógios não guardaram
o rosto da minha mãe evaporado
os festejos que o tempo comeu
e um amontoado de átomos gastados
A memória é o lugar das ausências
um branco escuro que levo comigo
para todo canto que entro, saio ou sigo
A memória é uma residência cheia de fantasmas
quase como se fosse uma casa mal-assombrada