joaquim cesario de mello

CEMITÉRIO DOS MORTOS VIVOS

 

Trago na memória lembranças

de coisas que não existem mais

 

Aquele dia que já morreu no calendário

o instante passageiro que o ônibus levou

a criança que viveu fora dos retratos

os minutos que os relógios não guardaram

o rosto da minha mãe evaporado

os festejos que o tempo comeu

e um amontoado de átomos gastados

 

A memória é o lugar das ausências

um branco escuro que levo comigo

para todo canto que entro, saio ou sigo

 

A memória é uma residência cheia de fantasmas

quase como se fosse uma casa mal-assombrada