SEXTA FEIRA SANTA.
Era deveras santa a sexta feira
Da minha inesquecível adolescência...
Era prenhe de respeito e prudência
Aquela idade, em tudo, verdadeira!
Um som elevado era impertinência,
Não era permitido brincadeira,
Embora minha alma ainda brejeira,
Nada visse de maldade e indecência!
Então, numa tarde silenciosa,
De chuvinha fina, fria e morosa,
Me vi ante a mocinha e seu desejo!
Ela me fitou... Tinha mais idade...
E, rogando perdão à Santidade,
Beijei com paixão meu primeiro beijo!
Nelson de Medeiros