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Nelson de Medeiros

SEXTA FEIRA SANTA

SEXTA FEIRA SANTA.

 

Era deveras santa a sexta feira

Da minha inesquecível adolescência...

Era prenhe de respeito e prudência

Aquela idade, em tudo, verdadeira!

 

Um som elevado era impertinência,

Não era permitido brincadeira,

Embora minha alma ainda brejeira,

Nada visse de maldade e indecência!

 

Então, numa tarde silenciosa,

De chuvinha fina, fria e morosa,

Me vi ante a mocinha e seu desejo!

 

Ela me fitou... Tinha mais idade...

E, rogando perdão à Santidade,

Beijei com paixão meu primeiro beijo!

 

Nelson de Medeiros