Mais uma noite em claro, pensando em tudo, mas não pensando em nada. Os pensamentos se dissolvem no silêncio e no escuro. Pensamentos que gritam por atenção enquanto tento ignorá-los em absoluto silêncio. Silêncio este que é estranhamente ruidoso e desconcertante. A imaginação viaja longe enquanto a consciência fica ancorada.
Os olhos se abrem, mas não enxergam o que tanto procuro. Uma ideia infinda e inconclusiva mais uma vez sequestra minha mente. Novamente refém de mim mesmo no cativeiro da escuridão. Preso no passado, fugindo do presente e temendo o futuro. A cada minuto que passa, a camisa de força da solidão fica mais apertada e sufocante. A lentidão hipnotiza o tempo e quanto mais rápido corre por dentro, mais devagar rasteja por fora.
A escuridão interna entrelaça-se com a externa e se transformam em uma fumaça densa ao meu redor. Em meio à névoa, meu olhar vazio e estático é incapaz de refletir o caos que espelho em mim mesmo. Perdido no escuro, fico perto de nada e longe de tudo.
Talvez o nada contenha a plenitude das respostas, enquanto o tudo se revele como um eco vazio. Talvez a resposta seja pensar que tudo e nada sejam a mesma coisa, mas durante a noite é tudo tão difícil de ver. Os olhos exaustos latejam, e a mente sonha com o fim. Os devaneios se dissolvem na penumbra e dão espaço aos feixes de luz que anunciam o encerramento de um ciclo.
Com a chegada do dia, a escuridão e o silêncio se retiram, marcando o início de uma nova jornada.
E assim, começa tudo novamente.
Victor Miranda