Claudio Reis

NO CUME DA MONTANHA

Ouça bem o barulho das ruas ao meio dia

As pessoas indo e vindo sem saber pra onde

São buscas de si mesmas em meio ao incerto

O ontem parecia querer dizer o por vir para ser

Agora então é olhar quem somos nesta panaceia

Deixar fluir de vez as vontades mais empolgantes

 

Observe bem os gestos daqueles que aqui circundam

Pedem austeramente passagem para um novo tempo

Adiam suas neuras absorvendo o riso no dourado da bebida

Uma reza, um culto na fé amenizando o anseio contido no existir

Todos caminhando em estradas de paisagens nunca vistas

Surpreendendo-se com as flores plantadas à beira do abismo

Pasmos com um céu azul que escureceu trazendo a tempestade

 

Olhe bem o semblante desses que se deixam serem vistos

Quantas nuances vemos neste frenético ritmo de Ser, de viver

Certos de estarem indo de encontro ao fim, inusitados vão!

Melhor é olhar o cume da montanha com seus ares puros!

Saber que lá do alto é possível enxergar mais além daqui

Permitir-se a paz e ao amor a cada noite, a cada amanhecer

Deixar acontecer naturalmente, viver, para o mundo nos sorrir

 

Claudio Reis