sujeitopoetico

Sol

Sento-me na cama,

A luz da lâmpada acompanha-me,

Até o sol fugiu,

Deixando-me a lua, a solitária lua,

 

Até sou parecida com ela,

Ou se calhar serei o sol,

Iluminando mas nunca iluminado,

Sempre a transmitir a luz,

Mas nunca a recebê-la,

Apenas o vasto ecoar de pessoas descontentes.

 

Nunca ninguém fala do esforço do sol,

Nunca ninguém fala dos seus dias a lutar contra as nuvens,

Só odiado por as deixar vencer,

O esforço para iluminar a Terra,

Nunca remunerado com dias sem poluição.

 

Quando vencedor,

Ainda cansado da luta,

Não o deixam brilhar, sem as sombras dos antigos dias solarengos,

Sempre comparado com as antigas glórias,

Nas vitórias de outros sóis,

Que outrora cresceram e estão agora noutra galáxia.

 

Sou o sol, 

Sempre a tentar,

Às vezes saindo vencida,

Olhares desapontados e sorrisos falsos,

 

Saindo vencedora,

Sempre à espera de olhares orgulhosos,

Que nunca vejo,

Pois já foram utilizados,

Nos dia solarengos de outros sóis,

 

Eu sou o Sol, 

Sempre a tentar,

Nunca a agradar,

Nunca sou naturalmente boa,

Apenas tento,

Pois é isso que me corre no sangue,

A minha sina.