Sento-me na cama,
A luz da lâmpada acompanha-me,
Até o sol fugiu,
Deixando-me a lua, a solitária lua,
Até sou parecida com ela,
Ou se calhar serei o sol,
Iluminando mas nunca iluminado,
Sempre a transmitir a luz,
Mas nunca a recebê-la,
Apenas o vasto ecoar de pessoas descontentes.
Nunca ninguém fala do esforço do sol,
Nunca ninguém fala dos seus dias a lutar contra as nuvens,
Só odiado por as deixar vencer,
O esforço para iluminar a Terra,
Nunca remunerado com dias sem poluição.
Quando vencedor,
Ainda cansado da luta,
Não o deixam brilhar, sem as sombras dos antigos dias solarengos,
Sempre comparado com as antigas glórias,
Nas vitórias de outros sóis,
Que outrora cresceram e estão agora noutra galáxia.
Sou o sol,
Sempre a tentar,
Às vezes saindo vencida,
Olhares desapontados e sorrisos falsos,
Saindo vencedora,
Sempre à espera de olhares orgulhosos,
Que nunca vejo,
Pois já foram utilizados,
Nos dia solarengos de outros sóis,
Eu sou o Sol,
Sempre a tentar,
Nunca a agradar,
Nunca sou naturalmente boa,
Apenas tento,
Pois é isso que me corre no sangue,
A minha sina.