Sandro Paschoal Nogueira

Esperando

Que lucrei, eu, Senhor com o tempo perdido?
Num e noutro despojo me achando o que a vaidade me propôs...

Nunca mostramos o que somos, senão quando entendemos que ninguém nos vê...
Mas se ninguém nos vê o que importa afinal ser ou parecer?

Escoar-se é um desperdício...
Assim como aprisionar o vento...
Pouco se ganha...
Tanto se perde...
Tantas coisas sem sentido...

Homem que sou...
Ó divina esperança onde estás que comigo brinca...
E não me convida à dança...

Tu que transforma os sombrios pedadelos em sonhos dourados...
Que nos inflige e nos obriga a levantar da cama...
Virgem de eterno devaneio...
Que hoje minhas mãos não alcançam...

A rotina é tão pesarosa...
As mesmas pessoas enfadonhas...
Dentro de mim, a noite escura e fria se anuncia...

Que me olhar não se perca...
Entre tantos outros que passam...
E farto de fadigas...
E de fragilidades tantas...
Que amanhã...
Em outro dia...
Então...
Eu floresça...

Sandro Paschoal Nogueira