Nossa poesia
Nossos versos
Que nos afastam
Da precondia
Nosso repente que inda sente
Cheio de nostalgia
Nosso olho no olho
Enquanto um recita em harmonia
O outro pensa na construção
da outra estrofe que faz o solo da nova poesia
É o repente que de repente
Nos faz lembrar do tudo
Do mundo
hoje mudo do que se foi
Das juras eternas do que não foi
Da carrapeta que não para de rodar
Do jogo de bila, do banho de chuva e do açude
Do tudo de outro mundo
onde o ser
Era muito mais que o ter
Enquanto o peito dói feito aperto
Os que “os zói” que hoje não mais se vê
Indo embora feito a lavadeira descontente
com a chegada da máquina
que hoje faz o espremer
E o todo do nosso mundo que de bom já se foi
fica encostado a rima do que não nina
e entristece o temer
enquanto o homem substituído
pela máquina sem coração
continua feito verso na rima da contramão
Entristecido com o inverso do que não sente
Não grita feito dormente
Com a porta quase fechada
O curral vazio
e a estrada nua que caminha
se apagando sob o manto da solidão.
Motta, R.
10 de três de 20eVintee4, JDO – Estado de Graça do Cariri.