Oh, ask the dust
(...)
Ooh, she moves in silence
(...)
Sweet salvation, baby
Melts my heart made of stone
Please guide me and carry me on
(...)
(Ian Robert Astbury / William Duffy / William Henry Duffy)
A noite, as estrelas caindo, a chuva brilhando num céu extinto…
Dilúvio de amarguras,
Sonhos fundidos escorrendo, se perdendo
Nas sarjetas do universo…
Avalanche de tempo que nada soterra,
Mas sepulta a vida cheia de vida
Não querendo mais a vida.
A noite. As trevas…
Que sentimento é esse?
Que fome, que ânsia, que loucura, que desespero é esse
Que abala todo o vazio que se traz por dentro?
Que aflição é essa que faz desejar a combustão instantânea
Do corpo e da alma!?...
A alma...
Poço sem fundo, depósito de toda amargura,
Alçada à condição de privilegiado instrumento
Vedor de Deus...
Eterna chama de sentir a vida
Em todas as suas desgraças
E desavenças…
Labirintos…portas coincidentes…
Encruzilhadas que não se cruzam;
Invisibilidade…
Um remanescente soldado em marcha cansativa,
Persegue incansavelmente uma ilusão,
Buscando prolongar uma inexistente alegria,
Uma alegoria do que seja viver.
Labirintos…portas coincidentes…
Encruzilhadas que não se cruzam;
Invisibilidade…
Alinhamento de astros de dois universos conflitantes…
Adiante, diante de olhos artificiais
Que não deveriam mais ver,
Mas que enxergam os artifícios dos planos irreais,
A realidade precisa e sutil se apresenta vestida de preto
E muito bem se distingue do breu noturno.
Sua epiderme sintética circunda o que se conhece por desejo,
E cintila sempar no vácuo que torna todo o entorno insignificante,
Materializando um ser espectral esculpido em perversidade e amor.
Seu avanço é como uma lâmina rasgando a densidade da escuridão e da vontade.
Os cabelos, fervorosamente negros, balançam ritmados pela evolução;
Um corpo que se agita na aurora da vida.
Ambos não são dados a pertencer…
Nada consegue deter ou desviar;
Nem mesmo o bêbado errante
Que tenta acertar a trajetória de um bólido rumo a aniquilar o desconhecido.
Assim como o evento celeste,
O alinhamento terreno se desfaz,
E o brilho, o amor, o sonho, a vertigem,
A ilusão desaparece em sua órbita intangível,
Enquanto a solidão vagueia errante e imperceptível
Numa rota mal traçada da existência,
Dobrando a esquina para desaparecer na névoa do que está para sempre perdido…
Tantas manifestações sem vida vagueiam a esmo
E faz com que a morte se sinta em casa.
Estão confundidas diante de tanta desesperança,
Imperceptíveis perante o anestésico da dor de existir…
Perdido encontrei a luz que não me ilumina;
Vagando achei meu caminho
Povoado por serpentes mortas e fantasmas vivos.
Dúvidas que não se dissipam,
Medos já domados,
Desilusões pavimentando a estrada.
A tristeza toma a forma de tudo o que existe…