Farei-me de calado
pra te falar a língua recuada do silêncio
Na mudez imposta aos lábios
olharei com a surdez fingida dos ouvidos
Nos espaços gerados na ausência das palavras
auscultarei o murmurejar dos sentidos
a aspirar o oxigênio dos teus afetos embutidos
Com a pantomima das faces
e nos bailar sanfonado dos gestos
dançaremos no sobrar das horas que temos
Convido-te pois a me acompanhar
no contemplar poente do sol
em que juntos nos abrasaremos