O escarro na cara da morte
Doce ilusão, mais que doce ilusão
Um ponto de junção
Em que frações opostas se tornam iguais
Inevitável destino que ela em sua mão
Traz, o ar frio de um vazio que se faz
Mamãe me lembra de esquentar a lareira
Uma futilidade ou talvez besteira para olhos como os meus, banais
Pisando a lenha sinto que algo venha
Mas meu senso de lucidez volta atrás
Já passei muitos invernos como esse
Estranhos, mas algo especial
O tempo lento, o galho seco batendo
Na janela ao vento que me lembra
Que mamãe não está lá mais, ela o
Levou há quatro, desde então estou sozinho
Guardo resguardado do mesmo jeitinho
Que ela deixava para a minha mente
Incontáveis filmes passava nela, como que por bugigangas velhas viram murais, eu acho que há algo errado
Me pego pensando, a hora não passa
E não me importando, prefiro ignorar
Os sinais, para mim há algo belo no falecer
Milhões de hormônios, cargas elétricas
Subjacentes de coisas mínimas e miseráveis, é o mistério, qual é a relação?
Ao nascer e à morte, recordo do meu tempo de criança, por mais estranho que seja
Teve seus momentos, para minha mãe
Inocência era algo palpável em meu ser
Que maliciosamente induzia porque sabia
Que lhe fazia bem e sempre a oferecia mais
Foi um tempo bom e agradável, a descoberta dos prazeres estranhamente precoces e carnais me fazia me sentir capaz
Para mim não havia inocência na infância e isso me perseguiu até muito à frente
E muito atrás já era um belo garoto, um pouco rechonchudo sim, mas a beleza pesava
Bem mais.
Sempre me lembrei dessa época com muito apreço, de tantos modos e jeitos
Que me perdi no momento onde algo
Belo se tornou vulgar, me peguei lembrando de minha velha como por trás daquelas rugas olhos verdes da água que
Para tratar seus filhos biológicos, ela trouxe
Tanta penumbra, podia saber mais,
Pois não fui um gênio, mas pensei que em
Tanto tempo livre vendo vídeos de informações tão relevantes como os voos
Dos pardais, podia ser um pouco mais capaz, ledo engano.
Com a vida feita que por mim mais que perfeita não almejava nada, só voltar à minha plena certeza de que minha incerteza
Podia significar algo, mas
Infeliz estava na maldição que minha
Família cercava, a prisão da mente
Se fez bem mais poderosa que a prisão
De alcaçuz
Meu martírio
Que por vez preferia um tiro
Me sentia queimando vivo
Mais tal dor não me dá o título
De exemplo vivo como São Tomaz
Mas em silêncio me definhava, meu
Corpo gordo exatamente oposto, salientava, na qual em vida minha
Alma purgava com um certo prazer
De minha parte por me sentir que estava
Certo por minhas atitudes desumanas feitas contra o que é importante e importa mais
Meu corpo clamava por fim
Que inúmeras vezes foi ineficaz
Só aumentava a minha lamúria
Queria acreditar que a vida era injusta
Mas para Deus a mentira não funciona
E a grade maldosa roda de amargura
Como um bom escritor que obviamente não sou, nunca deixa pontas soltas
E era muito bom em arrematar os
Finais, igual o ponto que na literatura
É chamado final, na minha vida também
Esteve lá todos os momentos, todos
Os lugares, todos os sinais que meus olhos viam, qual como um ponto cego
Me avaliando aos mínimos detalhes
Me instigando e acalentando, refletindo
Se eu era ou não