Estou numa mesa cheia,
Repleta de conversas animadas,
Cheia de gargalhadas,
Eu rio-me,
Gosto da conversa e continuo-a,
Sou interrompida,
Ninguém se apercebe,
Mais gargalhadas.
Entro na converso,
Tento dizer alguma coisa
Sou interrompida,
Ninguém se apercebe.
Desisto da conversa,
Concentro-me na comida à minha frente,
Como se fosse o meu filme preferido,
Nunca desviando o olhar,
Termina a refeição.
Os meus irmãos estão a conversar,
Sem se quer se lembrarem de mim,
Mordo o lábio,
Não chores.
Vou até ao meu quarto,
Choro,
Porque sei que eles não fazem isso por mal,
Só não me veem,
Limpo as lágrimas,
Pronta para meter a máscara de pessoa sarcástica,
Sem sentimentos,
Ninguém pode saber que choro,
É a diferença de idades,
Disse a minha mãe quando lhe perguntei,
Nunca mais lhe falei do assunto.
Só me pergunto,
Como é que uma pessoa pode viver numa casa feliz,
Com boas pessoas,
Mas sentir-se tão vazia.
Parece que estou numa ilha deserta,
À espera que alguém me salve,
De alguém que fale a mesma língua que eu,
Que me entenda como o meu irmão, entende a minha irmã.
Tenho amigos,
Eles são boas pessoas,
Mas às vezes acho que não gostam de mim,
Nunca esperam por mim,
Mesmo que espere sempre por eles,
Sei que não lhes posso dizer o que está na minha alma,
Eles julgariam,
Ou contariam a outras pessoas,
Sinto que todos julgam que me conhecem,
Mas na verdade sou sua desconhecida.
Escrevo poemas,
Apenas os confio a anónimos,
Eles representam o que está na minha alma,
Sem sorrisos,
Só a minha alma,
Nua e crua.