Sombra
A tua irmã é fantástica,
O teu irmão é fantástico,
Tu és fantástica
Mas será isso o suficiente para sobressair?
Para ser notada?
Ou serei sempre uma sombra?
A sombra de um brilho que nunca gerei
Ou de um caminho que nunca andei
Menos que um excelente nunca me permitirei
O que precisarei para sair das sombras?
Para apagar o brilho que me ofusca?
Para parar de me afogar neste mar de felicidade fingida
De expectativas já atingidas por outros,
De conquistas já antes conquistadas
Da falta de surpresas com os meus troféus que ganhei
Da desilusão nos olhos quando não os cumpro
Acompanhado por falsas palavras de conforto,
Quando é que conseguirei ter um espetáculo só meu
Com os holofotes virados para mim,
sem um livro a pesar-me nas costas
Um livro que nunca escrevi, que nunca suei para o conceber,
Um livro sobre conquistas alheias
que eu jamais pensar em tomá-las como minhas
E pô-las no meu legado.
Quando é que eu terei os meus próprios troféus?
Terei-os sequer?