Hébron
Sem mágoas
...
Não era intenção lhe magoar
Não era essa a intenção da flor
Afagada em voos pequeninos
Nas asas indignadas de colibri
Não queria lhe causar o pranto
Mas o perfume é sempre da flor
Fui incontido ao verso usurpado
Carente de pétalas, sem nada florir
Fui intolerante ao verso bonito
Ao eco em vão de um outro grito
Sei que poderia bem ter ignorado
Mesmo diante de algo profano
Não fiz o perfume e não fiz a flor
Mas meu poema tem meu ardor
Pode ser singelo, breve, comezinho
Ser de riso, choro, céus ou de sonhar
E nutrido com a seiva de alma
Ofereço-lhe do que de mim frutifica
E poderia eu lhe oferecer uma flor
Mas não assinaria a obra do Criador
Não era intenção lhe magoar
Não era essa a intenção da flor
Afagada em voos pequeninos
Nas asas indignadas de colibri
...