Vida medíocre em último ato 
Sonhei com o verso,
entreguei-me com sentimento,
revelei os caminhos do pensamento,
recebi a chave do universo, 
e de peito aberto contra o vento,
hoje escrevo o meu último verso
que revela esse sofrimento. 
Sempre soube, desde o princípio,
quando percebi num momento
que o tempo era ímpio, 
e meu o caminho obscuro
não me levou a um bom futuro,
agora, que finda o tempo, 
estou resignado e sem alento
aceitando o derradeiro veredicto,
então, só resta o arrependimento 
de ter falado sem nunca ter dito. 
Sem aplausos nem vaias, 
agradecendo em último ato, 
o velho artista retira-se do palco, 
atrás de si cerram-se as cortinas
e apagam-se as luzes de seu teatro.