Lembrança substantivo vivido
É igualzinha à sombra da gente
A sombrear ao lado ou a frente
A sua marca que na terra deixa
Cabelos esvoaçantes às avessas
Voando no vento que esbraveja
Ao farfalhar as folhas da cereja
Que recebe chuva na terra seca
O tempo apaga lembranças tua
Tal qual amor da flor que vejo
Do gosto da saliva do teu beijo
Que imerge no mar do destino
Naquelas águas de gosto salino
A escoar no sulco das lágrimas
Ora chora a seca e ora ri d’água
Lembrar é igual nosso figurino
Esquecer de você é quase em vão
Lembranças são ondas que voltam
Há nos Lusíadas frase que importa
“Onde a terra acaba o mar começa”
No istmo da mente tudo atravessa
Fugir das lembranças há um custo
Eu insisto à toa do que levo susto
Ando devagar pois, já tive pressa
Já fui fugidio ao romper da aurora
Ficou lembrança na mão do tempo
O qual apagou do meu pensamento
Horas distantes vividas na infância
Pelos trilhos do trem da esperança
No chão do passado rastro apagado
Só ficou em mim o coração alado
Pulsando ao ter de você lembrança