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Arlindo Nogueira

LEMBRANÇA

Lembrança substantivo vivido

É igualzinha à sombra da gente

A sombrear ao lado ou a frente

A sua marca que na terra deixa 

Cabelos esvoaçantes às avessas

Voando no vento que esbraveja

Ao farfalhar as folhas da cereja

Que recebe chuva na terra seca

 

O tempo apaga lembranças tua

Tal qual amor da flor que vejo

Do gosto da saliva do teu beijo

Que imerge no mar do destino

Naquelas águas de gosto salino

A escoar no sulco das lágrimas

Ora chora a seca e ora ri d’água

Lembrar é igual nosso figurino

 

Esquecer de você é quase em vão

Lembranças são ondas que voltam

Há nos Lusíadas frase que importa

“Onde a terra acaba o mar começa”

No istmo da mente tudo atravessa

Fugir das lembranças há um custo

Eu insisto à toa do que levo susto

Ando devagar pois, já tive pressa

 

Já fui fugidio ao romper da aurora

Ficou lembrança na mão do tempo

O qual apagou do meu pensamento

Horas distantes vividas na infância

Pelos trilhos do trem da esperança

No chão do passado rastro apagado

Só ficou em mim o coração alado

Pulsando ao ter de você lembrança