A DEUSA DA MINHA RUA
  
 Sempre à noitinha eu a vejo chegar
 Retornando, elegante, a seu abrigo...
 Não sou “voyeur”, mas juro não consigo,
 Deixar de olhar um corpo singular!
  
 Seus olhos verdes, verdes como figo,
 São adornos d!uma deusa d!além mar,
 E as tranças enroladas, cor de trigo,
 Tem  nuanças do poente no luar!
  
 Tudo nela me encanta e me fascina,
 E os modos de mulher e de menina
 Num tempo são pueris e obscenos!
  
 Sei que é teimosa e até intransigente...
 Pode ferir, sem pena, agudamente,
 Mas sabe amar, sem pejo, como Vênus!
  
Nelson De Medeiros
07/1999