Antonio Olivio

Troco a felicidade por uma gota de milagre

Não tenho tido tempo,

para os meus versos

Há um medo em mim

De que não sobreviva ao dia

 

Me entrego a ideia

De que tenho que ser feliz

Em um modelo, num  ritmo 

uma alucinação de viver

 

Vejo o desespero vindo

no rosto sofrido do mundo

e não tenho forças 

para estender a mão em socorro

 

Crianças morrem do outro lado

Pobres cansados pedem ajuda

Mulheres condenadas por serem mulheres,

Homens prisioneiros de si mesmos

 

Enquanto eu olho pra tudo

mas não consigo parar

de ser eu brigando com a banalidade

dos meus caminhos incertos

 

Para onde vou?

e para que, a pressa?

Não quero dar mais de mim

a esta loucura completa

 

Venha sol , venha e venha

Traga a quentura de quem se importa

e não apenas a lagrima 

mas também o braço e o passo

 

Que eu não aceite viver

Sem que haja uma razão 

sem que a minha existência

exista de coração.

 

Venha verso, venha e venha 

sobreponha a minha vontade

que a minha alma seja livre

para ser a própria caridade

 

 

Que tenha em mim a dor do irmão

e eu  possa dar-me em doação 

Não para ter de Deus 

o salvamento ou perdão 

 

Mas para ser o milagre 

No caminho de todos os dias

para ir desfazendo,

a maldade no  mundo...

 

Antonio Olivio