Não tenho tido tempo,
para os meus versos
Há um medo em mim
De que não sobreviva ao dia
Me entrego a ideia
De que tenho que ser feliz
Em um modelo, num ritmo
uma alucinação de viver
Vejo o desespero vindo
no rosto sofrido do mundo
e não tenho forças
para estender a mão em socorro
Crianças morrem do outro lado
Pobres cansados pedem ajuda
Mulheres condenadas por serem mulheres,
Homens prisioneiros de si mesmos
Enquanto eu olho pra tudo
mas não consigo parar
de ser eu brigando com a banalidade
dos meus caminhos incertos
Para onde vou?
e para que, a pressa?
Não quero dar mais de mim
a esta loucura completa
Venha sol , venha e venha
Traga a quentura de quem se importa
e não apenas a lagrima
mas também o braço e o passo
Que eu não aceite viver
Sem que haja uma razão
sem que a minha existência
exista de coração.
Venha verso, venha e venha
sobreponha a minha vontade
que a minha alma seja livre
para ser a própria caridade
Que tenha em mim a dor do irmão
e eu possa dar-me em doação
Não para ter de Deus
o salvamento ou perdão
Mas para ser o milagre
No caminho de todos os dias
para ir desfazendo,
a maldade no mundo...
Antonio Olivio