SANGRAMENTO
Escrevo quando
me vem a tempestade
E quando me sangra
o que não penso.
E o sangramento
não é casualidade
Mas é o verbo
que me faz intenso.
Nesta hora
Quase não o faço
Porque temo a leviandade do bom senso
Porém por entre as linhas vai ficando o contrassenso
Rastros de uma dimensão poética
Muito mais da poesia
do que minha.
Ora lúdica ora patética.
Sangra-me como incontida hemorragia
Até a alma verte
o sangue que não tem
Para cessar
eu recorro à poesia
Pois se não corro, até a alma perde a essência que contém.