Carlos Lucena

SANGRAMENTO

SANGRAMENTO

Escrevo  quando 
me vem a tempestade
E quando me sangra 
o que não penso.
E o sangramento 
não é casualidade
Mas é o verbo 
que me faz intenso.
Nesta hora
Quase não o faço
Porque  temo a leviandade do bom senso
Porém por entre as linhas vai ficando o contrassenso 
Rastros de uma dimensão poética 
Muito mais da poesia 
do que minha.
Ora lúdica ora patética. 
Sangra-me como incontida hemorragia
Até a alma verte 
o sangue que não tem 
Para cessar  
eu  recorro  à poesia
Pois se não corro, até a alma perde a essência que contém.